Tuesday, December 15, 2009

Vai Ter Roda em Fevereiro


A Roda de Samba agendou um show para o próximo dia 27 de fevereiro no Le Petit Chicago. Segundo Danilo Chammas, pode ser que haja outra roda antes, mas não há nada marcado. Portanto, a única data garantida é esta mesma, de fevereiro. Os amantes da batucada estão de olho e o Cena Canadense traz mais novidades assim que o caldo ficar pronto.

Clicando na imagem ao lado, o leitor que tem perfil no Facebook pode participar do grupo da Roda, onde os bambas sempre informam onde vai haver batucada.

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Saturday, November 21, 2009

A Roda Arrebentou

Os dois anos de existência da Roda de Samba foram comemorados ontem numa festa que abalou as estruturas de Hull. O grupo fez uma apresentação no Le Petit Chicago daquelas que até Tia Ciata iria gostar de receber em seu quintal.

Foi o tipo de evento que fica até difícil de um blogueiro noticiar. O que escrever no segundo parágrafo, seria o fato de que ontem era também Dia de Zumbi? Na verdade, poucos vibraram quando Fernando Acosta lembrou o assunto. Mas Danilo Chammas saiu logo com esta: “Zumbi era Corinthiano!”, arrancando gargalhadas do público.

Será que devemos destacar em seguida a festa feita pelos presentes, sintetizada na euforia de Fanny Tzelepis, uma corinthiana apaixonada? Sempre coladinha a mesa da Roda, ela soltou a voz em Pressentimento. Tomara que hoje não viva a dor de uma garganta que não teve folga em samba algum!

Deveria vir então o desafio entre violão e cavaquinho promovido entre Vinicius Degenaro e Evandro Gracelli, ou o solo de seis minutos deste último, ou ainda a voz doce como mel de Regina Teixeira? É difícil escolher. Eles acabaram com a lucidez dos presentes, que caíram no deleite. Até o Juiz elogiou a cantora.

Vários sorrisos estamparam-se no rosto de Fernando Acosta. Walter Vieira até levou seus ovinhos cozidos para recuperar as energias no intervalo. Mariana Raupp cantou lindamente e recebeu até torcida organizada. Ah, organizada por Fanny, é claro!

Nando Velho do Rebolo pediu todo o carinho para cantarem e tocarem Cartola. Agora, o surpreendente mesmo foi vê-lo trocar de camisa com Danilo Chammas. Flamenguista e Corinthiano celebrando o espírito da Roda de Samba, a agregação. Foi uma festa marcante!

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Thursday, November 19, 2009

REPORTAGEM ESPECIAL: Dois Anos de Roda de Samba




O grupo Roda de Samba está preparando um pagode daqueles para celebrar seus dois anos de existência. O Le Petit Chicago, terreiro preferido da Madrinha Mariana Raupp e seus afilhados, promete ficar pequeno para tanta festa. Fernando Acosta, o Nando Velho do Rebolo, recebeu o Cena Canadense em sua casa para um ensaio geral.

As histórias engraçadas são a cara do grupo. O pessoal da roda é todo muito simpático, muito gentil. As coisas aconteceram meio ao acaso e até hoje a seriedade de certos eventos assusta alguns de seus membros. Danilo Chammas (o Operário do Samba), por exemplo, só queria fazer um batuque no Café Caco do Seu Emílio e veja no que deu. A Roda de Samba é um dos grupos mais importantes do cenário musical brasileiro no Canadá, mas Mari é diplomática em relação a isso: "tem muita coisa boa acontecendo em Montreal". O Cena bem gostaria de conferir!





Se contássemos no Brasil, por exemplo, que o grupo tem um franco-japonês que toca samba no violão e fala português fluentemente, muita gente não acreditaria. Se contássemos também que há uma peruana que canta música brasileira como um rouxinol, também causaríamos desconfiança. Estamos falando de Alister “Ógui” Augé e Carla Boggiano, respectivamente. Dois talentos que o Brasil inspirou.

“Uma vez fomos participar de uma Copa Comunitária de Futebol, dessas de um dia de duração. Uma das coisas que contava ponto era a alegria, havia o Spirit Awards”, conta Mariana Raupp. “Danilo [Chammas] levou o cavaquinho e os canadenses ficaram muito curiosos. Que instrumento é esse? – perguntavam. Mas nem foi isso o mais engraçado”, continua a simpática carioca. “Chegou um homem e começou a fazer perguntas sobre a música. Danilo falou que eles tinham um grupo e faziam rodas de samba. O homem pediu para se apresentar. Era Chris White, Diretor Musical do Ottawa Folk Festival”, complementa.




Depois do contato com Chris White, o grupo foi tocar no evento. “Tocamos três dias”, conta Mariana toda animada. “Mas no palco a gente perde um pouco da nossa proposta, que é agregar todo mundo”, emenda Danilo sem largar o cavaquinho. O grupo decidiu que a proposta seria mesmo tocar no meio do público, como um samba de mesa tradicional.

Ah, retomando o assunto, o grupo foi eliminado do campeonato logo na terceira rodada. Passou a fazer torcida para um time de Ottawa cujos atletas praticavam capoeira também. Dá para imaginar a zoeira que este pessoal fez por lá!

A decisão de pular do palco para o meio da plateia trouxe algumas dificuldades no Canadá. Nesta época o grupo já não fazia mais rodas no Caco, já havia feito apresentação no Le Petit Chicago porque tocar no primeiro estava ficando muito caro, tinha que alugar todo o som. O segundo já tinha toda a estrutura, com mesa e operador. O problema é que o técnico do Chicago amarelou porque não conseguiu se adaptar ao som que não tem acústica de tablado. “Tirar do palco dá uma bagunçada”, conclui o Operário do Samba ao analisar a situação do pobre do rapaz da mesa de som.

“Nosso grupo não é profissional, mas nós tivemos que chamar um técnico de som experiente em roda de samba, o nome dele é Leonardo Constant”, comenta Mariana. Além disso, há os músicos profissionais para os quais é preciso pagar caché. “No começo dava dinheiro quem quisesse, o que gerou uma confusão”, resgata a Madrinha. Foi o dono do Chicago quem sugeriu que se cobrasse um preço simbólico. “Cinco dólares tá bom”, ela avalia.

A divulgação é feita pelo próprio grupo. O Cena Canadense viu o trabalho que dá gerenciar tanta coisa. Muitos papéis com cifras, debates sobre como e onde os cartazes serão distribuídos, comida para alimentar o pessoal... “O grupo é muito grande e é difícil reunir todo mundo”, todos concordam.

A Roda de Samba sequer conseguiu tempo para sistematizar um texto sobre a história do grupo para acompanhar esta Reportagem Especial. Os fãs terão de esperar mais um pouquinho até a poeira do show de aniversário baixar. Então publicaremos a história da Roda nas palavras de seus próprios personagens.

Embaixada Fã

A Roda de Samba já foi convidada duas vezes, em 2008 e 2009, pela Embaixada do Brasil no Canadá para tocar na Festa da Independência, que ocorre todos os anos. A primeira vez foi na National Gallery. “O pessoal lá ficou doido, porque a acústica da cúpula de vidro é péssima e o pessoal do som falou que nunca havia entrado um instrumento de percussão lá”, comenta Danilo.

Mariana Raupp disse que é um evento formal, aonde vão embaixadores de vários países. Este ano o evento foi no Crown Plaza Hotel. “Imagine o contraste, uma roda de samba e o pessoal todo formal ali perto”, se diverte o mais engraçado membro do grupo, o Operário do Samba. “O Embaixador é muito corajoso com isso, provocar essas sutilezas”, ele complementa. Muitos brasileiros de Ottawa concordam.

Ensaio Geral na Casa do Nando

Foi um grande entra-e-sai de gente, instrumentos, câmeras, cachorros, holofotes, folhas de papel, blogueiro... Um verdadeiro carnaval. Sequer deu para todo mundo aparecer. Uma semana o ensaio é na casa de Acosta, na outra é na casa de Walter Vieira, o Juiz.

Nando Velho do Rebolo havia passado a noite anterior pensando no repertório. “Fiquei cantando na cabeça para não acordar a Camille [Dessurault]”, revelou. Camille é sua companheira. Essa semana foi a vez dele receber o grupo em casa. Chegaram todos juntos, de carona com o Juiz.

Walter Vieira toca surdo, mas tem um ouvido ótimo, absoluto. Evandro Gracelli é um gênio das cordas e toca cavaquinho como se o samba ressoasse na alma. Mariana Raupp decidiu não tocar na roda, pelo menos por enquanto, mas vai cantar uma musiquinha. Danilo Chammas, com seu humor afinadíssimo, aprendeu sozinho a tocar cavaquinho, mas ainda é meio tímido para cantar. Ógui transformou a saudade dos oito meses que passou no Brasil em acordes de samba no violão.

Evandro e Ógui começaram a trocar umas ideias de cordas. O Juiz chegou junto e marcou o ritmo com o surdo. Danilo fez o cavaco cantar e Nando Velho puxou logo o rebolo. Enquanto isso, Mari cuidava da papelada. Qualquer blogueiro se sentiria à vontade.

Quando o couro já comia solto, chegaram Paulinho Collier, um percussionista cheio de boas ideias na cabeça, e Vinicius Degenaro, um violonista clássico apaixonado por samba também. Aí foi só esperar o Gabriel Pinto, pandeirista, e Maurílio Galdino, ex-componente do grupo que vai celebrar com o pessoal os dois anos da Roda. Maurílio também tem um cavaquinho cheio de gingado.

A escolha do set-list foi uma coisa difícil. O grupo tinha um repertório enorme para cortar até chegar a 20 músicas, sendo cinco delas pouts pourris. Depois de muitas horas de ensaio, chegaram às 38 favoritas. “Se cantar um samba desse antigo, que todo mundo sabe, aí o pessoal fica em polvoroza, todo mundo canta”, revela Fernando Acosta.

Quando já era meia-noite o ensaio ainda não tinha acabado, nem mesmo a difícil missão de deixar alguns dos melhores sambas da história de fora do show. “Quem quiser fazer um ensaio só de cordas durante a semana, eu tô aceitando”, acenou Nando Velho com sua voz de Thor. Ainda havia muito trabalho pela frente e muitas noites seriam mal dormidas até o dia do espetáculo.

Roda de Samba Social



Depois de pagar técnico de som, músicos profissionais e quitar despesas de todos os tipos, talvez o leitor amigo esteja pensando que a Roda de Samba fique com o troco. Ledo engano. Mesmo cobrando cinco dólares por entrada, o grupo ainda participa de ações humanitárias.

O dinheiro que sobra é enviado ao Brasil, para dois projetos de educação musical para crianças e adultos: Unidos da Lona Preta, uma escola de samba; e Comuna do Samba, outra roda de samba. Os Unidos da Lona Preta desfilam e tudo.

A Festa de Aniversário

Mariana bem queria fazer um bolinho para a festa não passar em branco, como se isso fosse possível com uma Roda que vai lotar e entrar para a história. Foi Nando Velho do Rebolo que chamou atenção para um detalhão: não vai dar para todo mundo. A Madrinha desistiu da ideia inicial de fazer um bolo em formato de pandeiro. Mas se o pessoal levar aqueles cup cackes já quebra um galho.




"Como eu sempre digo", disse Danilo Chammas mostrando-se ainda um bom conhecedor da história do samba, "a roda é como se eu convidasse os amigos para celebrar no quintal da minha casa, sem ter que pagar entrada, e sem hora pra terminar, ou melhor, terminando ao primeiro gorjear da passarada, ao amanhecer. Ainda que a realidade não o alcance, é com esse espírito que eu vou para o Petit Chicago. A coisas assim, os fundadores e seus seguidores denominaram "kizomba", e é o mesmo que depois se chamou tambem de "pagode", o que nao tem nada a ver com o mal-uso que a indústria fonográfica deu pra mesma palavra, tempos depois". Então, mete o couro!

Clique nos cartazes abaixo para ver outros detalhes sobre o show! E nada de "Acabou Meu Pai", pelo menos até o show chegar ao fim.

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